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As verdades absolutas - Crônica de Juliano De Ros - 2022

  As verdades absolutas Crônica de Juliano De Ros          Em um curso EAD sobre a história do rock heavy metal promovido por uma grande e reconhecida universidade de Porto Alegre, agosto de 2022, o professor falava aos seus atentos alunos sobre as origens do movimento cultural e do estilo musical.       O chat da aula fervilhava com a participação generalizada. Perguntas, opiniões, discussões paralelas acaloradas sobre qual banda era a melhor, sobre quem plagiou quem, e por aí vai. Ouvidos abertos sugando o conteúdo despejado com emoção pelo mestre que, pelo visto, não escondia seu conhecimento e tampouco a condição de fã incondicional do estilo. As raízes do heavy metal penetravam nas distorções acústicas de artistas e bandas dos anos 50 e 60, ocasionadas pelos mais inusitados motivos, desde um amplificador que caiu no transporte, danificando uma válvula e mudando o timbre , ao “fera” que queria “algo diferente” e retalhou o alto-falante com uma navalha para “metalizar” o som da

Poema: Saudade (1996) - Livro: Semovente - Autor: Juliano De Ros - Editora: Maneco

Saudade O céu, as nuvens... De um azul que se perdeu na saudade... Fosse o coração oprimido. O contraforte esqueceu A solidão no horizonte A visão de um por do sol dourado… Fosse o coração oprimido Fosse pelo peso do chumbo das nuvens Fosse a saudade uma quimera. Saudade, saudade Onde estão os meus? Onde estão aqueles que o vento tragou? Esse vento do destino Remoinho absoluto que revolve o pranto De quem já se perdeu…  

Sou Mulher e Exijo Respeito (2019) - De Juliano De Ros

Sou Mulher e Exijo Respeito (2019) De: Juliano De Ros Para todas as Marielles, Marias, Joanas, Luísas, Fernandas... com o nome que tiverem e da forma que forem Vim ao mundo assim Feminina Nem melhor Nem pior que ninguém... Mas, exijo respeito! Minhas escolhas Meus peitos empinados Minha magreza E um vulcão interno... Sou mulher E exijo respeito! Dona do meu nariz Da minha vida Ele não Ele nunca! Por isso Exijo respeito! Sou mulher, sim Sou livre, sim Tenho objetivos Tenho convicções Machismo, não! Sou mulher E exijo respeito! Ele não tem Ele não, Ele nunca!

A Crônica que Não Foi Escrita - O Julgamento de Lula - Autor: Juliano De Ros

A Crônica que Não Foi Escrita O Julgamento de Lula           Pode um juiz ser imparcial feito uma nota de três reais? Com o perdão pelo uso da simbiose estapafúrdia de ditos populares, pois não me ocorre outra pergunta que expresse melhor o estado de confusão mental.            Como pode alguém ser condenado a doze anos de reclusão por supostamente ter recebido propina na forma de um apartamento, sem que o citado apê seja seu? Ou melhor, o imóvel, na verdade, está titulado como propriedade da "empresa corruptora" e está penhorado em juízo, por outra comarca, como bem garantidor de dívidas da tal empresa.         Todos nós temos nossas convicções pessoais, morais, políticas, cores e amores. Médicos, comerciantes, faxineiros, metalúrgicos, engenheiros, cozinheiros, professores e... também, juízes e procuradores, tem suas próprias convicções. Somos pessoas e impregnamos nossa vida pessoal e profissional com nossas verdades, nossas falhas morais e nossas qualid

Pedras - De Juliano De Ros - 2018

Pedras (2018) De: Juliano De Ros Para Lucí Barbijam São como seixos Esses meus versos Pedras no caminho Que recolho e guardo Vez por outra, paro Aprecio o colorido e a forma Se alguns brilham Outros são céticos Pedras Pedras, é o o que são Ao raciocínio metódico Pedras, é o que são Sim Sim, o raciocínio está certo Apenas pedras, eles são Na minha infância, Meu pai Montara uma estante de madeira No porão da nossa casa Enorme Onde acomodei as pedras Que juntei nos caminhos E as que me foram dadas com amor Acho que ele, sem falar Também amava minhas pedras... Tinha uma Que parecia chocolate lambido Revelei-a para minha prima Já em minha mão Ofereci... Que reação! Uma pedra entre os lábios Gatuno, peralta, rufião! Minhas pedras tem alma... Tinha outra Que encontrei no chão Da casa da minha tia Polida, redonda, rosácea Recolhi Bom moço, não! Para o meu acervo Mais um

De Anita em Anita (De Luísa Vitória Pontalti De Ros - 2018)

De Anita em Anita Luísa Vitória Pontalti De Ros - 2018               “Prepara, que agora é hora do Show das Poderosas...” Esse fragmento de uma música popular não precisa ser continuado, pois todos os brasileiros já conhecem a letra. Além de ser cativante, a canção, indiretamente, traz à tona a questão de uma minoria excluída na sociedade, exaltando que “agora é a hora” dos que não têm voz serem ouvidos. Nesse âmbito, pode-se perceber que a cultura brasileira tem como funções principais questionar uma estrutura tradicional exclusivista e cativar as pessoas, de modo que cada vez mais indivíduos integrem a sociedade de maneira uniforme.           Em 1917, Anita Malfatti realizou uma exposição de quadros seus, os quais contrariavam a estética realista vigente na época, caracterizando-a como uma arte vanguardista. Entre as obras estavam “O homem amarelo”, “A boba”, “A estudante russa”, carregadas de sentimento, expressão e de figuras um pouco disform

Poema Paz, de Juliano De Ros - 1995 - Livro: Semovente - Editora: Maneco

Paz (1995) Aquele lugar Onde era anoitecer. Aquele lugar frio Onde o vento era livre, Horizonte cinza, Não havia ninguém, Apenas o nada. Um lugar chamado paz. Naquele lugar O tempo vazio Fazia buracos na vida. Minutos de descanso, Minutos de fuga. Pequenos tempos de outra vida, Pequenos pedaços da morte.